domingo, 16 de novembro de 2008

Serei capaz?


Serei capaz de pisar o mundo com firmesa, com a dor de cada pedra afiada, o frio de cada passo?
Serei capaz de caminhar por estradas lisas, estradas lisas e incertas que construo, que vejo construir-se à minha frente.
Serei capaz de andar por aí sozinha, de sentir entre os dedos a sensação de uma areia fina e molhada que me faz querer ficar... mas não fico.
Serei capaz de seguir, de pisar com firmesa o chão dos sonhos, levitar na pressão dos obstáculos, querer mais e mais, correr para chegar e lá ficar.
Serei capaz?
...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Segredo


O segredo esconde-se no silêncio,
no escuro,
na luz que encandeia,
no fogo,
no ar,
nos sentidos,
na alma,
na vida...
de quem o guarda.


O segredo guarda-se no coração,
no sossego,
no impulso do momento,
na história,
no hábito,
na vida...
de quem o tem.


O segredo suporta-se, vive-se?
E quem o tem... sorri.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Deixa-me seguir...

Continuas a palmilhar este caminho tão antigo como eu e tu, desejando ficar e ficar por saudade, por carinho, por esse "muito mais" que dizes existir.
Não sei se consigo ter-te aqui, a caminhar por onde já não te via, por onde me tinha habituado a sentir um vazio, oco, frio e desnudo do que de ti cá esteve.
Queres um "hoje" e um "amanhã"... Posso negá-lo?
Posso negar qualquer coisa para que me sinta bem?
Tanto desejei a tua presença e hoje, aqui e agora, não consigo habituar-me a ela.
Será errado?
Só queria que não fosse assim, que não me sentisse desta forma, que não houvesse tanta coisa por dizer e por sentir.
Só queria que fosse noutra altura...
Talvez um dia...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Como eu gostava



Como eu gostava de puder sentir aquele amor como antes...
Um amor de palavras
de gestos,
de olhares,
de cheiros,
de toques,
de beijos,
de abraços
de amor.
Como eu gostava de puder sentir aquele amor de novo
Um amor partilhado
sentido,
vivivo,
encontrado,
perdido,
roubado
por ti.
Como eu gostava de puder dizer e sentir, amar e partir - contigo.
Aqui.

sábado, 20 de setembro de 2008

Porque gosto de ti?


Porque é que gosto de ti?
Porque tens a capacidade de me surpreender todos os dias,
Porque te sentes feliz com cada medo ultrapassado,
Porque te entristeces com as tristezas do mundo,
Porque sabes como me fazer sorrir,
Porque sabes usar as palavras certas,
Porque me olhas como se fosse especial,
Porque me fascinas com a forma como te fascinas com o mundo,
Porque encontras nos dias de chuva um raio de Sol,
Porque iluminas as noites mais escuras de Lua nova,
Porque entretens uma alma solitária,
Porque guardas cada erro como uma lição,
Porque sonhas acordado,
Porque para ti não há pessoas más...
Enfim...
Porque gosto de ti?
Porque és tu, seja lá quem fores ou como sejas, és sempre tu em qualquer momento.
Apenas por isso.

sábado, 13 de setembro de 2008

Palavras tardias

Existe um lugar onde descanso, onde me aconchego e olho o mundo de forma diferente.
Existe um lugar que me guarda e me protege de um dia-a-dia difícil, onde me liberto dos medos e das angústias.
Gosto de pensar que esse lugar exite onde quer que eu esteja. Acaba por ser um lugarzinho no mais íntimo de mim que me permite voar e sentir livre daquelas horas que demoraram a passar ou daquelas conversas que eu não queria ter.
Permito-me a repousar nesse lugar encantado para me voltar a sentir um pouco mais eu mesma, um pouco mais a pessoa que sonho ser. Torna-se então uma terapia, tal como escrever, desenhar ou sorrir.
Às tantas nem me lembro das horas longas ou das conversas chatas, tudo passa a existir em mim como um sopro.
Para quê complicar?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Será que não vês?

Será que não vês...
Que nem sempre o que não digo não é sentido?
Que também choro quando ouço aquelas palavras amargas?
Que essas pequenas palavras também me magoam?
Que fico calada muitas vezes para não te magoar?


Será que não vês...
Que não minto?
Que estou lá mesmo quando insistes em não me ver?
Que sinto as tuas vitórias com alegria?
Que choro contigo para não te sentires só?


Será que não vês...
Que o mundo não acaba por sermos diferentes?
Que não somos diferentes por culpa do mundo?
Que há coisas mais importantes que as diferenças?
Que ainda assim te adoro?


Será que não vês... ou que não queres ver...?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Sombra

Sinto-me perseguida por uma sombra que me proíbe de fugir.
É uma sombra sem cor, uma sombra desgastada que não sei de onde vem. Persegue-me a cada passo, a cada pensamento, lembrando-me a Sua existência.
Às vezes acho que foi ela que O levou para longe para que pudesse ser só sua. Hoje amarra-me ao chão sem me deixar dar um passo sequer noutra direcção.
De onde será que ela vem?
Reconheço a sua silhueta e os seus gestos. Movimentos precisos, suaves, que me guiam não sei por onde.
Tem uma voz meiga e severa.
Sempre que tento soltar-me, sussurra-me ao ouvido com um carinho incompreensível, enfim incompreendido.
"Não vás" - diz-me. Mas tenho de ir.
Despeço-me como antes. Até amanhã. Mas deixa-me ir por agora.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Abraços


Abraços eternos que não dei por medo de perder.
Acabei perdida num emaranhado de braços que me sufocam, mergulhada em palavras que não disse onde me afogo cada vez que tento respirar.
Criei em mim a capacidade de amar sem saber porquê, como se não fosse possível explicar uma coisa tão simples.
Porque gosto de ti?
Porque és tu.
Porque, de alguma forma, estiveste aqui um dia, deste-me o que tinhas e o que não tinhas sempre com um sorriso nos lábios, sem esperar nada em troca.
Gosto de ti porque não me deixaste sozinha, porque me fizeste correr por campos que desconhecia e sorrir com cada frase ridícula que gritavas no meio da multidão.
Talvez seja por gostar tanto de ti que choro quando me recordo dos nossos momentos. Não fossem as lágrimas um transbordar de sentimentos escondidos, misturados com saudade e com uma vontade enorme de voltar atrás no tempo, por um dia que fosse, apenas para ter oportunidade de dizer as coisas de outra forma, de simplesmente dizer tudo aquilo que não disse no momento adequado.
E hoje dei por mim a pensar como seria se não tivesse tido uma oportunidade de te dar aquele abraço, de te dizer "adoro-te".
Ainda bem que essa oportunidade ainda existe.
Ainda bem que estás aqui, que respiras, que manténs aquele olhar e aquele sorriso que eu tanto admiro e que tantas vezes me iluminou.
Só espero, mais uma vez, que a oportunidade não me fuja.
Só espero, mais uma vez, não ter medo de perder e consiga eternamente abraçar e amar como se disso dependesse o mundo.
Porque podes não estar aqui no minuto seguinte...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

The Veronicas - In another life


"I have known you my whole life
When you were ten, you said you'd make me your wife
Eight years later you won me over
Just as I took the world on my shoulders
I got used to living without you
Endless phone calls and dreaming about you
Always said that you were my man to be
But I guess I was in love with your memory

You know I love you, I really do
But I can't fight anymore for you
And I don't know, maybe we'll be together again
Sometime, in another life
In another life

I know I said that I would keep my word
I wished that I could save you from the hurt
But things will never go back to how we were
I'm sorry I can't be your world

You know I love you, I really do
But I can't fight anymore for you
And I don't know, maybe we'll be together again
Sometime, in another life
In another life (another life)

The way you're holding on to me
Makes me feel like I can't breathe
Just let me go, just let me go
It just won't feel right inside
God knows I've tried

You know I love you, you know I do
But I can't fight anymore for you
And I don't know, maybe we'll be together again
Sometime, in another life
In another life, in another life
In another life ..."

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sei e Não sei

Sei:
Que o mundo gira
Que o fogo queima
Que o Sol brilha
Que os corações batem
Que os olhos vêem
Que as mãos sentem
Que os lábios se deleitam
Em sabores.


Sei:
Que amo
Que adoro
Que sonho
Que acordo
Todos os dias.

Sei:
O que quero
O que não quero
O que desejo
O que me desejam
O que vejo
O que não sinto
O que sentem
Por mim.

Mas não sei:
O que vem

Porque vem
O que perdi
Se perdi
Se me amaram
Se me amam
Não me disseram.

Apenas sei:
Que existo
Que resisto
Que insisto
Que sou
E serei
Contigo
Sem ti
Aqui ou ali
Feliz!

sábado, 16 de agosto de 2008

Descansa


Descansa esta noite nos meus sonhos, na memória que te mantém vivo.
Hoje podes descansar de uma incessante luta por um lugar que te pertence. Não precisas estar aqui ou perturbar-me para que te veja, para que te sinta.
Houve tempos em que te queria em lembranças, como se fosse a única forma de te ter por perto. Desejava a todo o momento por um flash vindo não sei de onde que me recordasse o que "vivemos junto", o que corremos pelos nossos sonhos, o que chocámos por sermos assim, o que sorrimos por sermos tão diferentes e tão iguais... tão únicos.
Hoje sei que não preciso desses flashes de memória nem de fechar os olhos para imaginar o teu rosto. Não, eu não preciso disso, descansa.
Não preciso porque não estás aqui, estás Aqui, naquele lugar sagrado que sangra por cá teres entrado e que, bombeando cada gota, te mantém vivo. Ainda respiro...
Descansa em paz no teu refúgio. Descansa em paz na minha cabeça e no meu coração.
Descansa para que possa descansar também. Só assim seremos felizes, não é?
Então que seja!

domingo, 27 de julho de 2008

Pedra sobre pedra


Pedra sobre pedra, numa constante de movimentos certeiros, constróem-se muros, barreiras, pilares, casas.
Pedra sobre pedra, numa união desconhecida, juntam-se forças, sentimentos e sentidos na construção de algo maior.
Podem ser pedras grosseiras, ásperas e afiadas que evitarão a passagem de qualquer um, que tão pouco será possível chutá-las para longe. Também podem ser pedras roliças, desgastadas pelo vento ou pela água, num tempo que não conseguímos vislumbrar, daquelas que pegamos e lançamos sobre a água num efeito saltitante.
Não são pedras que magoam, pois não se atiram, não se rasgam no corpo de alguém, mesmo que discretamente.
São pedras que guardam, que acolhem, que suportam e que marcam vários passos, várias vidas, de uma forma estranha e irregular.
Simbolizam, simplesmente, a construção de um império, o avançar, passo a passo, pedra após pedra, na direcção do que se quer.
Estas são as que nos acompanharam, que nos fizeram cair, que nos defenderam ou protegeram.
Contudo, não passam de pedras, rochas, um aglomerado de minerais tão antigos quanto a existencia da Terra.
Afinal, as coisas simples podem sempre tornar-se complexas se assim o quisermos.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eu


Numa compreensão do que se perde,
Perco-me em explicações inúteis,
Em gestos fúteis,
Em olhares de raiva que morrem de sede.

Não compreendo porque se perde
O que era suposto manter-se,
Porque se ganha
O que era suposto ter-se.

Tenho mágoas e lágrimas guardadas
Num canto escondido do quarto,
Numa esquina vazia,
Algures, para lá do retrato
Perfeito
Que pinto todos os dias
Para toda a gente ver.

Perco-me em sorrisos que esboço a cada dia
Expostos em molduras de cristal.
Alegria,
Que mantenho num pedestal
Para toda a gente ver.

Numa compreensão do que sou
Descubro o que não sou
Aos olhos dos outros,
Conhecidos, desconhecidos.
Quem errou?
Fui eu por ser eu?

Numa compreensão do que se perde,
Encontro-me em definições tristes,
Em olhares reprovadores,
Em palavras que ninguém mede.

Quem perdeu?

Ganhei eu, a coragem de me ver
A vontade de ser
A força de querer.

Ganho por não ter pena.
Ganho por ser assim,
Eu mesma
Todos os dias.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Não sei... (como se dois olhares bastassem)


Quantas vezes nos deparamos com perguntas cuja única resposta que encontramos é "não sei"?
Quantos "sim" e "não" deixamos de dizer, apenas porque um "não sei" parece mais seguro?
Seguro ou mais fácil, mais fácil de dizer e de ouvir, mais supérfluo, mais vago, mais comum, mais eficaz, quem sabe.
Não sei. Não sei eu nem sabes tu porque tantas vezes quisemos e não tivemos, porque tantas vezes sentimos e não aceitámos… simplesmente porque não sabíamos.
E se soubéssemos seria diferente? Será que se houvesse uma certeza teríamos tudo aquilo que queríamos? Aceitaríamos o que sentimos? Não sei.
De todas as certezas que pensamos ter, muitas delas não passam de dúvidas envoltas num papel colorido de incertezas, com pegadas inseguras e laços de revolta. Um papel a que muitos chamam vida, a pegadas que seguem um imenso conjunto de desafios e uns laços frágeis que nos amarram ao passado, numa tentativa de enfeitar actos, caminhos, escolhas… numa tentativa de justificar tudo o que ainda hoje permanece lá, na caixinha de madeira poeirenta a que gosto de chamar passado.
Aquela caixa que, quando aberta, me traz memórias, cheiros, lugares, momentos, pessoas que, por muito tempo que passe, permanecerão ali, mesmo que sufocados em poeira deixada pelo tempo.
Basta-me saber que posso lá voltar sempre que quiser, abrir a pequena caixinha e deixar-me envolver, por curtos instantes, em tudo aquilo que ela guarda, na certeza de que foi tudo bem vivido, de alma e coração. Do lado de fora está outro grande baú à espera de um presente, passado e futuro. Um presente vivido, um passado construído e um futuro desejado, envolvidos mesmo que na poeira de toda uma vida que permanece intacta no tempo… mesmo que dissolvidos em lágrimas e repletos de sorrisos… mesmo que incompletos ou insignificantes por instantes…
Vale a pena, enfim, viver neste misto de sentimentos, sentidos e incertezas?
- Sim, vale.
- Não sei…

terça-feira, 8 de julho de 2008

Obrigada...


Obrigada a ti que me roubas as lágrimas nos momentos certos.

Obrigada a ti que sorris todas as manhãs para que os meus dias se iluminem.

Obrigada a ti que transformas em palavras o que a minha consciência ou o meu coração muitas vezes não querem ouvir.

Obrigada a ti que me conheces, me aceitas e me compreendes todos os dias.

Obrigada a ti que marcas com a diferença uma alma em tanta coisa igual.

Obrigada a ti que apareceste como se já pertencesses cá dentro.

Obrigada a ti que te transformaste no "sempre" que ainda guardo.

Obrigada a ti que me julgas sempre e me adoras de uma forma que não percebo.

Obrigada a todos os outros que marcaram e marcam uma vida por construir.

Porque hoje apenas precisava de agradecer a cada um de vós. Pelo que foram, pelo que são, pelo lugar que preenchem todos os dias, pelas saudades que me fazem sentir, pelo orgulho e pelas horas intermináveis de sorrisos e palavras que antes não sabia dizer.

Sem vocês nada faria sentido.

domingo, 6 de julho de 2008

O que os nossos olhos não vêem


Tapo olhos, ouvidos e boca. Escondendo sentimentos e sentidos num dia-a-dia que se confunde com as noites tantas vezes escuras, tantas vezes iluminadas por uma luz de presença contante, constantemente iluminando a presença de um alguém que não está presente.
Fecho os olhos para não ver a desgraça, a sujidade, a solidão ou a multidão. Esqueço as coisas boas que há para ver por não querer que as coisas feias se revelem e se contemplem para mim.
Tapo os ouvidos com medo dos sons, dos ruídos ensurdecedores que se passam lá fora. Esqueço o som de um bater certo de coração que antes apreciava ouvir, o som vibrante do mundo silencioso.
Calo-me para não soltar raivas e pânicos de que ninguém tem culpa. Evito transmitir verbalmente sons de palavras mal verbalizadas e tão bem sentidas. E esqueço todas as palavras transformadas em sentimentos que quero para mim, para ti.

Destapo olhos, ouvidos e boca. Assustada com singularidade de cada imagem, aliada a cada som. Palavras soltam-se numa harmonia inexplicável, ao mesmo tempo que a alma descontrola todo o corpo e solta emoções em forma de água salgada por uns olhos que antes se negavam a ver. Ouve-se uma voz amiga.
E tudo se acalma.

Mandy Moore - Gardenia


Mais uma música que vale apena ouvir... e sonhar.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sê...



Agarra-te à vida com toda a força que tens.
Sente-te feliz por cada nascer do Sol.
Alegra-te com o desabruchar de uma flor.
Chora quando te sentires triste.
Pede aquilo que te faz falta.
Luta pelos teus sonhos.
Caminha numa estrada com cruzamentos e buracos.
Pensa em tudo o que a tua mente quiser.
Reage sempre que achares conveniente.
Fala quando achares que deves falar.
Procura tudo o que ainda não encontraste ou algum dia perdeste.
Sente saudade daquele amigo especial.
Dorme um sono de paz.
Abraça o mundo, as pessoas, os sonhos, as cores, a vida, o que sentes...

Acorda todos os dias com um sorriso. Simplesmente porque acordaste para mais um dia. Podia não ter sido assim, mas foi. Precisas de um motivo? Abre a janela e sente o ar fresco da manhã a bater-te no rosto, o Sol que já brilha nestes dias de Verão, o cheiro das flores ou do mar, vindos dali ou sabe-se lá de onde.

Acredita em cada amanhecer, em cada "bom dia!", em cada sorriso, em cada sentimento.

Vive. Poderá não haver outra oportunidade para o fazer.

Colbie Caillat and Jason Reeves - Droplets



"Cuz I'm walkin down this road alone and figured all I'm thinking bout is you, is you my love
My head is in a cloud of rain and the world it seems so far away and i'm just waiting for
The droplets, droplets
"

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Simples...


Escrevo palavras num papel rasgado,
Amassado, amachucado.
Escrevo o que sinto, porque sinto,
Porque quero, quero dar
Quero dar-te mais do que palavras,
Quero dar-te ar, saltar, pular,
Sair, sair daqui e fugir,
Fugir contigo, para ti, por ti.
Fugir do mundo, fugir de mim.
Escrevo o que sonho, porque sonho
Ser o que sou, ser eu
Sonhar e voar, dormir e acordar
Levantar-me e agir
Bater o pé, cair.
E levantar-me outra e outra vez.
Escrevo num papel queimado,
Sujo, estragado
Escrevo enquanto posso, porque posso
Posso?
Sim! Enfim...
Escrevo. Ponto. Parágrafo.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ontem...Hoje


No Sol da vida encontro uma mão estendida a agarrar a minha, esquecida.
Com o tempo, esqueço-me também da minha existência e deixo o frio do deserto tomar conta de mim e amparar-me nos seus braços de areia fina.
Sinto que a vida me espera algures lá fora. Mas fora de onde?
Deste sítio vazio de sons, onde o eco faz ricochete nas lembranças e morre num raio do mesmo Sol que espreita por uma janela escondida na alma?
Conheço-o tão bem.
Ilunina-me o espírito e os sonhos guardados cá dentro, à espera de uma oportunidade de brilharem por si só.
Hão-de brilhar.
Contudo...

Hoje não me sinto esquecida. Lembro-me de cada momento e de cada mão. Fecho os olhos e sinto o Sol a aquecer-me o espírito. E, ao mesmo tempo, estendo a mão e sinto-me amparada, não numa núvem de areia fina, mas num campo de sonhos, de lembranças que quero guardar, de pessoas que quero manter, de sentimentos que quero transmitir.
Hoje já não me sinto esquecida de mim.
Mesmo neste silêncio em tantos dias constrangedor, consigo pensar com lucidez e reconhecer-me.
Hoje não sou a outra da máscara decorada com purpurinas e com formas alegres e frias.
Sou aquela pessoa que nasceu no dia 21 de Janeiro de 1988 e que sonha em ter uma casa, um emprego, casar e ter dois filhos. Ser feliz. Ser alguém. Ser eu.
Com tudo de bom e de mau que isso tem.

Tenho saudades...


... de passear
de passar horas a falar sobre tanta coisa
de conversar com os olhos
de andar de mãos dadas
de falar alto na rua
de falar durante uma aula inteira
de olhar o céu horas a fio
de escrever para alguém
do meu piercing
de andar de baloiço
de vestir a roupa mais confortável que tenho no roupeiro
dos pães com chouriço da minha escola básica
de acender uma vela e ficar no escuro apenas com a sua luz
daqueles lanches em minha casa
de acordar cedo só porque sim
de escrever em conjunto
de ver desenhos animados ao acordar
daquela pessoa
de passar uma tarde com as minhas meninas
de saltar à corda
de brincar com os meus primos
de dar leite aos bezerrinhos
de tanta gente...
de tanta coisa...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

O meu lugar

O meu lugar algures no mundo.
Um lugar sagrado
Com um cheiro, com uma cor
Um lugar de sonhos
Mergulhado...
Onde me sento e...


Respiro.


Um lugar azul
Amarelo e vermelho
O lugar dos meus sonhos
Encontrado...
Onde me perco e...


Sinto.


Um lugar submerso
Nas águas do mar e do acaso
O lugar que me chama
Conquistado...
Onde venero e...


Sorrio.


O meu lugar algures no mundo
Contigo.
Quem?
Não sei.

Mas gostei.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Renascer

Faça-se renascer a força dos dias difíceis, das noites confusas, das tardes nostalgicas.
Faça-se renascer a pureza das manhãs de Inverno, dos meses de espera, das horas ensurdecedoras de silêncio.
Que renasça eu como uma fénix das cinzas, como tu que seguiste a tua estrada.
Que renasça eu que respiro e transpiro esperança, que quero por querer sem poder ter.
Renasçam os dias de Sol, as noites de Lua eternamente partilhadas numa memória remota de outros tempos ainda não vividos.
Renasce apenas porque podes... mostra-te capaz de tudo.
Nasce e renasce todas as manhãs, todos os dias, com a luz que nos acompanha por uma vida, por uma nova vida, pela vida de sempre.
Renasce porque sabes como se faz.
Renasço porque renascendo volto a ser eu.
Amanhã, renasceremos juntos?

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nunca se sabe

Até um dia...

terça-feira, 6 de maio de 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A sete chaves


Guardo na memória, a sete chaves, uma história escrita em folhas perfumadas, num caderno ilustrado por Luas, árvores e rios.
Tranco-a para sempre porque algo mais forte se sobrepõe.
Recolho todos os pedaços espalhados, estilhaçados no chão e tento reconstruir, peça a peça, um puzzle difícil de desvendar.
Neste momento nem escrever com um sentido consigo, quanto mais fazer puzzles e encontrar razões para o montar.
Apenas continuo aqui a escrever porque é assim que me sinto bem, porque aqui não erro, não gaguejo, e tudo o que me sai pelos dedos vem dos poucos pedaços juntos que consegui manter dentro do peito.
Não quero que pareça triste mas é assim que me sinto hoje.
Sou feliz mas falta-me algo que me arrancaram aos poucos, todos os dias. Roubam-me aos bocados e deixam tudo de pernas para o ar para que eu, sozinha, volte a arrumar, limpar e recontruir.
Parece que é agora…

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Sementes

Por entre árvores e arbustos, bosques e vales, uma semente sai da terra com a harmonia e a beleza de um dia de Verão.
Por entre raios e chuvas ela cresce, brilha e acena ao mundo, dando graças por respirar depois de um longo ciclo de mudanças.
Durante tempos pensou-se sozinha naquele espaço tão amplo e vazio, a pequena semente agora crescida. Olhava à volta e nada encontrava senão terra e mais terra, troncos e mais troncos, tão altos ou altivos que mal conseguia ver-lhes o fim, muito menos chegar até eles.
Até que um dia sente um movimento ali perto, uma leve brisa perfumada que trazia consigo algo desconhecido que a nossa pequena semente conhecia muito bem. E ali pousaram, serenamente, por acaso e ao mesmo tempo com uma exactidão que fazia acreditar que seria mesmo ali que tinham de parar na sua viagem.
O vento mudou, a chuva veio e depois o Sol. Em poucos dias também essas sementes mudaram, cresceram e congratularam o mundo. Sozinhas não estavam. A primeira semente permanecia lá e observava todo aquele percurso mágico com um ar curioso e alegrado pela companhia.
Depressa perceberam-se idênticas, tão diferentes mas tão idênticas.
Ainda hoje não se sabe porque com tantos bosques e tantos vales, tanta terra e tanto ar, foram estas sementes, estes pedaços vivos de vida, cheios de si e do mundo, parar ali, vindas sabe-se lá de onde e com tanto a contar.
No meio de tanta terra e tanta árvore viveram, alcançaram o Sol e a Lua, o Ar e o Vento. Falaram com cada grão de areia que as ajudavam a manter-se vivas, ignoraram cada tempestade, sempre achando-se capaz de suportar mais uma. Porque não estavam sozinhas.
Coincidência?
Mais uma vez, deixemos que a história se escreva por si e se venham a descobrir as respostas que se querem.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Uma página marcada

Encontrei um livro meu com uma página dobrada. Perguntei-me porque estaria assim, não é meu hábito dobrar as folhas. Por curiosidade reli o que lá estava escrito, numa tentativa de perceber o porquê daquela marca.
No início da folha dizia "Introdução" e por baixo lia-se um pequeno texto que contava o encontro de duas pessoas, dois grandes amigos. Era o começo de uma história que já sei de cor. Li, reli e devorei aquele livro vezes sem conta.
Contudo, continuo sem me recordar de ter dobrado aquela página.
Durmo sobre o assunto.
Na manhã seguinte encontro o livro marcado sobre a minha mesa de cabeceira. Olho para a sua espessura. Não tem mais de 150 páginas e a folha dobrada está numa das primeiras.
É então que percebo.
Introduziu-se a história. Deixemos então que se escreva por si só para que possa ser lida, relida e devorada.
Página 4 - Capítulo I

segunda-feira, 10 de março de 2008

Decoração



Brincamos aos disfarces, tentando encontrar um traço e uma cor que escondam uma ferida ou um olhar triste.

Pintamos de azul, vermelho e amarelo aquele cinzento que um dia se apoderou de nós sem sabermos como ou porquê. Às tantas descobrimos o poder que esse preto e branco tem em nós. Viciante.

Apenas até nos permitirmos a colori-lo com todas as cores do mundo, com todos os enfeites que conhecemos.

Seja numa tentativa de fuga ou de cura.

O quarto pintei-o de cor-de-rosa e vermelho. O coração vai deixando, aos poucos, este luto que tomou como seu. E eu, vou largando o preto com pinceladas de alegria e de sorrisos, numa tentativa cada vez mais esforçada de acender um vazio há tanto apagado.

E com todas as cores do mundo faço do meu mundo um lugar seguro.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A caixa


Na caixinha da vida
Onde se guardam as memórias
Escondem-se as derrotas,
Expõem-se as vitórias.

Na caixinha da vida
Onde o escuro ilumina o Sol
Abrem-se as portas,

Esconde-se o rancor.

Na caixinha da vida
Onde cresço e renasço
Encontro uma história,
Olho, sorrio e passo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Coleccionador de lágrimas


Conheci, um dia, alguém que coleccionava lágrimas.
Já possuía lágrimas de arrependimento, de raiva, de tristeza, de solidão e de todas elas, nenhuma lhe bastava. Continuava, noite após noite, numa busca incessante por aquela lágrima que lhe faltava - a lágrima da felicidade e da alegria.
Noite após noite lembrava e relembrava todos os momentos em que errou, todos os momentos que desperdiçou por medo ou cobardia, e a cada um concedia uma gota salgada que juntaria cuidadosamente à sua colecção.
Um dia, num dos seus sonhos, aqueles em quem se agarrou durante anos e anos, alguém lhe sussurrou ao ouvido:
- "Minha querida, não podes viver constantemente de sonhos. Não te serve de nada coleccionares tantas lágrimas se não tiveres a certeza que consegues terminar a tua colecção com a gota mais importante de todas. Ela existe, mas tens de lutar por ela, tens de agir!
Ainda há muito mar lá fora, não são precisas essas gotas preciosas. Guarda-as só para ti e sê feliz!"
No dia seguinte, quando acordou, sentiu-se estranho. Não se recordava ao certo da totalidade do seu sonho, mas aquela voz não lhe saia da cabeça: "Sê feliz!".
"Que estupidez" - pensou. Como poderia ser feliz se ainda não tinha conseguido verter dos seus inocentes olhos aquele pingo de alegria que lhe faltava. Que pensava faltar-lhe.
Era mais fácil viver conformado àquela vida de lágrimas e tristeza, de solidão e revolta, agarrado a sonhos que não aconteciam, que não passavam apenas de leves memórias construídas em torno de algo que ficou no passado há muitos anos, quando ainda éramos crianças e pensávamos que o amor era eterno e que a vida era feita de pecinhas de lego.
Mas não é bem assim. Os sonhos não se realizam só porque queremos muito. Do céu, a única coisa que cai é chuva, neve, gelo. Nada mais.
Ou lutamos por aquilo que queremos, ou nos submetemos a viver enclausurados à nossa própria clausura, à espera que, num lindo dia, alguém nos traga a Felicidade, a Alegria, o Amor e todas aquelas coisas por que todo o ser humano luta.
Só os lutadores podem vencer. Não basta ter a coragem para agir, mas fazê-lo.
O Coleccionador de Lágrimas continua, ainda, numa busca interminável.
Ainda pensa que os sonhos são a única coisa que precisa para viver. E assim vive entre dois mundos, tentando descobrir em qual deles quer ficar, se no mundo dos sonhos, se no mundo dos lutares.
A escolha é apenas sua.
E seja qual for, um dia (porque ele existe) este Coleccionador vai perceber.
Um dia, quando finalmente perceber, este Coleccionador vai sorrir e, de mãos dadas, verterá a gota de alegria que tanto ansiou.

Um dia.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Às voltas com a vida

Volta e meia dou por mim a pensar nas voltas desta vida.
Não é da minha, que se mantém uma constante e impiedosa monotonia.
Mas com tanta volta e contra volta, não consigo perceber porque é que, volta e meia, se volta ao mesmo.
As linhas rectas podem até ser monótonas mas ao menos guiam-nos sempre naquela direcção, "sempre em frente é que é caminho!", é o que dizem. E, desde que "olhes para trás e consigas sorrir, mesmo com lágrimas nos olhos, tenhas alguém que tas limpe", então vale muito mais a pena.
Não é com pena que penso nisso. É apenas com curiosidade. Sou uma curiosa, é verdade. Gosto de saber como funciona o mundo e a mente das pessoas que nele (dizem que) habitam.
Não é tarefa fácil, acreditem! É preciso muita paciência para ver certas coisas, certas atitudes. Há quem tente inventar para ser feliz. Há quem não invente para ser infeliz. Há até quem insista em dar outra e outra volta só para poder voltar sempre àquele ponto da história.
Às vezes é quase a mesma coisa que ler um livro ao contrário. Não é de pernas para o ar, embora pudesse ser. Ao contrário mas do fim para o início.
A diferença é que, aqui, não se pode ler ainda o final da história que ainda não foi escrito. Estão em contenção de papel por causa das árvores...
Enfim.
A escrever sobre voltas e cá estou eu às voltas sobre coisas que não têm nada a ver com estas voltas que queria falar.
Com tanta volta perdi-me. Acontece...
Acabaram-se as voltas!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Conversas de espelho

Chove lá fora.
Contudo sei que aqui é seguro.
Não vás embora.
Será que tens medo do escuro?
Não tenhas.
Olha à tua volta, não vês?
Não me importo que venhas
É a tua vez
De perderes esse medo
E veres as luzinhas.
Vou-te contar um segredo
Não são só minhas!
São tuas
São nossas.
É como se tivessemos várias Luas
Nuas
Que nos guiam e protegem.
Conheces essas ruas?
Essas que se constroem à tua passagem,
Moldam-se à tua imagem.
Têm pontes e montes,
Rios e fontes,
Têm buracos e pedras
Que chutas
Que passas
Porque aqui é sempre dia
Não precisas ter medo de cair.
Antes também fingia,
Fingia que não via, que não queria sair
Tropeçava e caia.
Hoje as Luas estão lá
E eu vejo-as
Olham por mim
E eu guardo-as.
Porque continuas aí fora se chove?
Aqui dentro é mais seguro
Precisas de chave?
Afasta-te que eu empurro!
Agora entra
Sai da chuva que te constipa
E vem cuidar-te.
Arrombei a porta para entrares
Acendi-te a luz para não teres medo
Guardei o brilho para te lembrares,
Conheces o segredo.
Que enredo. Acordei e era apenas Eu e Eu. Numa conversa amigável.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Reflexos

Reflecte-se.
Reflecte-se em mim tudo aquilo que vivo dia após dia, ano após ano.
Reflectiu-se tudo aquilo que fui e tudo aquilo que sempre sonhei ser e que hoje luto com todas as minhas forças para conseguir.
Deve ser por esses reflexos de tempo pouco vivido ou tão sentido que hoje e ontem me senti daquela forma. Como se todo o ar à minha volta desaparecesse. Faltaram-me as forças para respirar, falar ou sorrir. Até para chorar com a dor que estava a sentir vinda não sei de onde nem porquê.
Agora é assim...a dor existe e choro por dentro sem ninguém ver. Porque ninguém consegue perceber quando eu tão pouco consigo explicar o que se passa. Mas passou-se e tu também passaste por mim.
Não sei porquê - quem me dera sabê-lo - mas continua reflectido.
E aquilo que fui e que foste em mim continua a reflectir-se em nós, em cada passo que dou, em cada palavra, olhar ou gesto.
Em reflexos de luz me vou moldando.
Em reflexos... e memórias... vamos vivendo. Até um dia.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A busca dos sentido



Na eterna busca por um significado para as coisas inexplicáveis, é bom saber que alguém consegues descrever assim coisas tão indescritíveis como o Amor.

"Amar é querer que a outra pessoa seja feliz, mesmo que essa felicidade não seja ao nosso lado! É abdicar desse amor mesmo que todos os dias custem, e que cada dia custe mais que o outro...como se tivessemos numa linha sem fim, andamos, andamos e não vemos nada na outra ponta! Amar são pequenas coisas, pequeno gestos...são olhares, são palavras ditas por olhares! É querer ficar com a outra pessoa todo o tempo da nossa vida. Amar é aprender um com o outro, é crescer!É lembrarmo-nos de pequenas coisas, mal acordamos, coisas que dizemos, que fazemos! É sonhar com ele todos as noites e acordarmos com um sorriso nos lábios...Amar é perdoar, também!Amar é mais que tudo isto que acabei de escrever, é algo que não se explica...sente-se..." - Susana

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ela existe


É aquela força que precisamos ter quando o mundo a nossa volta precisa dela, aquela força por que todos chamam e apelam nos momentos difíceis.
Aquela força que se torna tão difícil de manter quando nós próprios não a temos, quando nós próprios não conseguimos aguentar as amarras que fecham este enorme saco onde guardamos sentimentos, memórias, necessidades, desejos, sonhos, vidas...
A necessidade de fazer algo pelos outros quando não conseguimos fazer por nós próprios, a vontade de ser especial para uma pessoa neste mundo quando essa pessoa teima em mandar-nos ao chão. A coragem para estender a mão quando, na verdade, alguém a estendeu por nós, para que aguentemos com ilusões, com dores, com um todo de sentimentos, momentos e actos que fazem da nossa vida o que ela é.

E se um dia essa força faltar, olhamos para o lado e alguém lá estará.
E se um dia essa força faltar, alguém neste mundo nos vai dar um brilho ou uma luz guia.
Ela existe.