sexta-feira, 28 de março de 2008

Uma página marcada

Encontrei um livro meu com uma página dobrada. Perguntei-me porque estaria assim, não é meu hábito dobrar as folhas. Por curiosidade reli o que lá estava escrito, numa tentativa de perceber o porquê daquela marca.
No início da folha dizia "Introdução" e por baixo lia-se um pequeno texto que contava o encontro de duas pessoas, dois grandes amigos. Era o começo de uma história que já sei de cor. Li, reli e devorei aquele livro vezes sem conta.
Contudo, continuo sem me recordar de ter dobrado aquela página.
Durmo sobre o assunto.
Na manhã seguinte encontro o livro marcado sobre a minha mesa de cabeceira. Olho para a sua espessura. Não tem mais de 150 páginas e a folha dobrada está numa das primeiras.
É então que percebo.
Introduziu-se a história. Deixemos então que se escreva por si só para que possa ser lida, relida e devorada.
Página 4 - Capítulo I

segunda-feira, 10 de março de 2008

Decoração



Brincamos aos disfarces, tentando encontrar um traço e uma cor que escondam uma ferida ou um olhar triste.

Pintamos de azul, vermelho e amarelo aquele cinzento que um dia se apoderou de nós sem sabermos como ou porquê. Às tantas descobrimos o poder que esse preto e branco tem em nós. Viciante.

Apenas até nos permitirmos a colori-lo com todas as cores do mundo, com todos os enfeites que conhecemos.

Seja numa tentativa de fuga ou de cura.

O quarto pintei-o de cor-de-rosa e vermelho. O coração vai deixando, aos poucos, este luto que tomou como seu. E eu, vou largando o preto com pinceladas de alegria e de sorrisos, numa tentativa cada vez mais esforçada de acender um vazio há tanto apagado.

E com todas as cores do mundo faço do meu mundo um lugar seguro.