No seu rosto, as lágrimas caiam como gotas de chuva num Inverno que chegara sem aviso, que permanecia dia após dia, ano após ano, tornando-se uma companhia quase necessária.
Os olhos, por vezes cegos por um nevoeiro constante que gelava o seu ser, temiam a busca por um sinal, uma luz que o guiasse e lhe trouxesse de novo um sentido para vida. É então que ela surge, como um farol, mostrando-lhe aquele tão desejado, mas tão temido, caminho. Ele segue-a na esperança de encontrar uma solução. Segue-a porque sim, porque já não consegue controlar os movimentos do seu corpo gélido e perdido.
- Vem comigo, mostrar-te-ei coisas nunca antes vistas, sentimentos nunca antes sentidos, acontecimentos nunca antes vividos...
E assim fez, aquela pobre alma, com um sorriso nos lábios e uma paz que há muito julgava esquecida, seguiu a voz amiga - angelical, assim pensara - e, cauteloso, caminhou.
Não era fácil o caminho que o esperava. Outras tempestades viriam, outros medos, muitas lutas. Mas decidiu arriscar.
Até quando?
Para sempre, dissera.
E enquanto esse sempre durar, enquanto fizer sentido, enquanto existir, assim será.
Até ao fim dos meus dias.