sábado, 2 de outubro de 2010

Da tua luz


No seu rosto, as lágrimas caiam como gotas de chuva num Inverno que chegara sem aviso, que permanecia dia após dia, ano após ano, tornando-se uma companhia quase necessária.
Os olhos, por vezes cegos por um nevoeiro constante que gelava o seu ser, temiam a busca por um sinal, uma luz que o guiasse e lhe trouxesse de novo um sentido para vida. É então que ela surge, como um farol, mostrando-lhe aquele tão desejado, mas tão temido, caminho. Ele segue-a na esperança de encontrar uma solução. Segue-a porque sim, porque já não consegue controlar os movimentos do seu corpo gélido e perdido.
- Vem comigo, mostrar-te-ei coisas nunca antes vistas, sentimentos nunca antes sentidos, acontecimentos nunca antes vividos...
E assim fez, aquela pobre alma, com um sorriso nos lábios e uma paz que há muito julgava esquecida, seguiu a voz amiga - angelical, assim pensara - e, cauteloso, caminhou.
Não era fácil o caminho que o esperava. Outras tempestades viriam, outros medos, muitas lutas. Mas decidiu arriscar.
Até quando?
Para sempre, dissera.
E enquanto esse sempre durar, enquanto fizer sentido, enquanto existir, assim será.
Até ao fim dos meus dias.

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