terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Esperança - Mário Quintana



ESPERANÇA



Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Mário Quintana

sábado, 16 de janeiro de 2010

Releitura da minha vida


Leio e releio todas as linhas aqui escritas até agora como se de um livro se tratasse e sinto-me como se, de repente, voltasse atrás no tempo, naqueles curtos momentos de leitura.
Escrevi quando me sentia triste, quando algo de bom acontecia, quando me apetecia, quando alguma conversa me levava a pensar em coisas nunca antes pensadas... Escrevia porque tudo isto se passava na minha vida e na minha cabeça como um torbilhão de emoção incompreendidas e inconstantes como eu própria.
Hoje não escrevo tanto como gostaria. Não é que já compreenda todas aquelas coisas ou não sinta necessidade em expulsar todas estas letras, palavras, frases, se calhar palavras sem qualquer sentido. Mas porque às vezes penso que não consigo, que já não sou capaz de escrever como antes. Verdade ou não, aqui estou eu, uma e outra vez a tentar escrever, fazê-lo de forma sincera e o mais pura como antes fazia.
É nestas releituras que vejo como não muda muito a minha visão da vida e das coisas que ela nos dá. Sinto-me quase como se voltasse às minhas raizes, como se fosse levada para um mundo que julgo tantas vezes esquecido.
Mais uma releitura em que rio e choro com o que escrevo e me escrevem. Porque me faz sentido, porque me recordo, porque existe razão em tudo aquilo. Porque afinal eu existo e sinto-me viva ao ler-me, ao rever-me em tudo aquilo. É como se uma parte de mim voltasse a brilhar e a dar sinais de vida.
Acredito que já não sei escrever com tal profundidade, sobre sentimentos que tive há dois, três, quatro anos atrás. Não consigo mais dedicá-los daquela forma e torná-los tão generalizáveis como eram - e ainda bem.
Mas ainda consigo dizer "coisas", sejam elas bonitas ou não, com sentido ou não, sentidas como sempre.
Compreendo melhor o que fui, o que sou e o que me fez mudar. Compreendo porque me tornei mais fria e mais distante, menos distante e mais paciente, tudo isto num percurso coincidente com o deste Blog.
Afinal ele serviu para alguma coisa. É quase como a minha Bíblia pessoal, onde procuro por sinais daquilo que eu fui para iluminarem aquilo que às vezes me esqueço de ser.
Que mais linhas se escrevam aqui enquanto for possível. :)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Bons tempos

Marjorie Estiano - As horas


Ana Carolina - Quem de nós dois