sexta-feira, 11 de abril de 2008

Sementes

Por entre árvores e arbustos, bosques e vales, uma semente sai da terra com a harmonia e a beleza de um dia de Verão.
Por entre raios e chuvas ela cresce, brilha e acena ao mundo, dando graças por respirar depois de um longo ciclo de mudanças.
Durante tempos pensou-se sozinha naquele espaço tão amplo e vazio, a pequena semente agora crescida. Olhava à volta e nada encontrava senão terra e mais terra, troncos e mais troncos, tão altos ou altivos que mal conseguia ver-lhes o fim, muito menos chegar até eles.
Até que um dia sente um movimento ali perto, uma leve brisa perfumada que trazia consigo algo desconhecido que a nossa pequena semente conhecia muito bem. E ali pousaram, serenamente, por acaso e ao mesmo tempo com uma exactidão que fazia acreditar que seria mesmo ali que tinham de parar na sua viagem.
O vento mudou, a chuva veio e depois o Sol. Em poucos dias também essas sementes mudaram, cresceram e congratularam o mundo. Sozinhas não estavam. A primeira semente permanecia lá e observava todo aquele percurso mágico com um ar curioso e alegrado pela companhia.
Depressa perceberam-se idênticas, tão diferentes mas tão idênticas.
Ainda hoje não se sabe porque com tantos bosques e tantos vales, tanta terra e tanto ar, foram estas sementes, estes pedaços vivos de vida, cheios de si e do mundo, parar ali, vindas sabe-se lá de onde e com tanto a contar.
No meio de tanta terra e tanta árvore viveram, alcançaram o Sol e a Lua, o Ar e o Vento. Falaram com cada grão de areia que as ajudavam a manter-se vivas, ignoraram cada tempestade, sempre achando-se capaz de suportar mais uma. Porque não estavam sozinhas.
Coincidência?
Mais uma vez, deixemos que a história se escreva por si e se venham a descobrir as respostas que se querem.