segunda-feira, 21 de julho de 2008

Não sei... (como se dois olhares bastassem)


Quantas vezes nos deparamos com perguntas cuja única resposta que encontramos é "não sei"?
Quantos "sim" e "não" deixamos de dizer, apenas porque um "não sei" parece mais seguro?
Seguro ou mais fácil, mais fácil de dizer e de ouvir, mais supérfluo, mais vago, mais comum, mais eficaz, quem sabe.
Não sei. Não sei eu nem sabes tu porque tantas vezes quisemos e não tivemos, porque tantas vezes sentimos e não aceitámos… simplesmente porque não sabíamos.
E se soubéssemos seria diferente? Será que se houvesse uma certeza teríamos tudo aquilo que queríamos? Aceitaríamos o que sentimos? Não sei.
De todas as certezas que pensamos ter, muitas delas não passam de dúvidas envoltas num papel colorido de incertezas, com pegadas inseguras e laços de revolta. Um papel a que muitos chamam vida, a pegadas que seguem um imenso conjunto de desafios e uns laços frágeis que nos amarram ao passado, numa tentativa de enfeitar actos, caminhos, escolhas… numa tentativa de justificar tudo o que ainda hoje permanece lá, na caixinha de madeira poeirenta a que gosto de chamar passado.
Aquela caixa que, quando aberta, me traz memórias, cheiros, lugares, momentos, pessoas que, por muito tempo que passe, permanecerão ali, mesmo que sufocados em poeira deixada pelo tempo.
Basta-me saber que posso lá voltar sempre que quiser, abrir a pequena caixinha e deixar-me envolver, por curtos instantes, em tudo aquilo que ela guarda, na certeza de que foi tudo bem vivido, de alma e coração. Do lado de fora está outro grande baú à espera de um presente, passado e futuro. Um presente vivido, um passado construído e um futuro desejado, envolvidos mesmo que na poeira de toda uma vida que permanece intacta no tempo… mesmo que dissolvidos em lágrimas e repletos de sorrisos… mesmo que incompletos ou insignificantes por instantes…
Vale a pena, enfim, viver neste misto de sentimentos, sentidos e incertezas?
- Sim, vale.
- Não sei…

2 comentários:

Anónimo disse...

Podem não bastar, mas são os nossos... ***

Unknown disse...

Poucas são as certezas absolutas que qualquer pessoa tem... e as que existem são as mais universais, como existir uma Morte Física! Por isso, vivamos alguns instantes deste presente, com a certeza que o passado já la vai e o futuro ainda não chegou, e permitamo-nos a por momentos responder com certezas a algumas perguntas:
- Vou ser feliz?
Claro que sim
- Ele amou-me?
Como nunca amou ninguém.
- Estou no caminho certo?
Não poderia ter tomado melhores opções. Em breve vou colher ainda mais frutos.

....

Tenho a certeza, que algumas destas certezas, acalmam o coração em relação ao passado, ajudam a lutar e a sonhar no presente, para viver o futuro o melhor possivel. Assim, daqui a uns anos, o nosso "baú poeirento" terá menos poeira de tantas vezes que foi aberto para deixar sair as recordações de bons momentos.

O resto que sejam dúvidas e "não seis". Pois o traçar do caminho sem certezas, nem mesmo que quando será algo que é certo como a nossa Morte ou a dos nossos "bem querer", contribui muito para que Viver seja um desafio entusiasmante!

Beijinhos******