domingo, 6 de julho de 2008

O que os nossos olhos não vêem


Tapo olhos, ouvidos e boca. Escondendo sentimentos e sentidos num dia-a-dia que se confunde com as noites tantas vezes escuras, tantas vezes iluminadas por uma luz de presença contante, constantemente iluminando a presença de um alguém que não está presente.
Fecho os olhos para não ver a desgraça, a sujidade, a solidão ou a multidão. Esqueço as coisas boas que há para ver por não querer que as coisas feias se revelem e se contemplem para mim.
Tapo os ouvidos com medo dos sons, dos ruídos ensurdecedores que se passam lá fora. Esqueço o som de um bater certo de coração que antes apreciava ouvir, o som vibrante do mundo silencioso.
Calo-me para não soltar raivas e pânicos de que ninguém tem culpa. Evito transmitir verbalmente sons de palavras mal verbalizadas e tão bem sentidas. E esqueço todas as palavras transformadas em sentimentos que quero para mim, para ti.

Destapo olhos, ouvidos e boca. Assustada com singularidade de cada imagem, aliada a cada som. Palavras soltam-se numa harmonia inexplicável, ao mesmo tempo que a alma descontrola todo o corpo e solta emoções em forma de água salgada por uns olhos que antes se negavam a ver. Ouve-se uma voz amiga.
E tudo se acalma.

2 comentários:

Rita disse...

Abre os olhos, ouve os sons e diz cada palavra mesmo no seu silêncio, pois mais "assustador que a singularidade de cada imagem aliada a cada som" é o silêncio de quem queremos ver felizes!
***

Alma sem cor!! disse...

é mesmo Célia... a podridão que se encontra em cada esquina é tao grande que muitas das vezes só nos aptece fexar os olhos, tapar os ouvidos... mas a vida é mesmo feita de dissabores e o nosso maior desafio é ultrapassa los, afinal todos temos um caminho traçado...mas uma coisa é certa... não deviamos ser obrigadas a ver e ouvir certas coisas (se é que me entendes)... vivendo e aprendendo! beijocas